O Pantanal é um dos biomas mais ricos e desafiadores do mundo, porém, a convivência entre humanos e grandes predadores como a onça-pintada exige constante vigilância.
A morte trágica de Jorge Avalo, carinhosamente conhecido como “Jorginho”, deixou todos abalados em Mato Grosso do Sul. Aos 60 anos, ele perdeu a vida ao ser atacado e devorado por uma onça-pintada no último domingo (20).
A tragédia aconteceu em uma área conhecida como Touro Morto, que fica às margens do Rio Aquidauana, local onde Jorginho vivia e trabalhava em contato direto com a natureza. De acordo com relatos de seu sobrinho, a onça já estava observando os movimentos de Jorginho há algum tempo, agindo de forma cautelosa e estratégica, como um verdadeiro predador.
Na manhã desta segunda-feira (21), uma operação liderada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) mobilizou helicópteros, drones e agentes para tentar localizar os restos mortais de Jorge Avalo, de 60 anos.
A ação começou nas primeiras horas do dia, na qual foram utilizadas tecnologia de ponta para amenizar as dificuldades do terreno, que tem como característica mata fechada e acesso complicado. Após três horas de buscas intensas, os restos de Jorge não foram encontrados, o que levou ao encerramento temporário da operação.
“Ela já monitorava ele. Vivia rondando o pesqueiro e ele facilitava. No fim, o que aconteceu? Ela que amansou ele. Na verdade, a onça que amansou meu tio“, declarou o sobrinho. Segundo ele, Jorginho subestimava o risco e acreditava que o animal só se aproximava à noite, quando ele já estava seguro dentro de casa. Mas a onça foi paciente — e estratégica.
Segundo relatos, câmeras de segurança de Jorginho filmaram o animal diversas vezes andando às margens da água durante o dia e até deitado perto do local. A onça teria passado a acompanhar cada movimento de Jorge, principalmente nas primeiras horas do dia.
“Ele levantava por volta de 5h30, fazia café, esperava clarear e, por volta das 5h50, ia até os barcos. Foi nesse momento que ela atacou”, contou o sobrinho. A emboscada ocorreu enquanto Jorginho executava sua rotina habitual, no mesmo horário e trajeto de sempre.
Os restos mortais do caseiro foram encontrados dois dias depois, após buscas intensas que mobilizaram a Polícia Militar Ambiental, Polícia Civil, moradores e pescadores. O corpo foi encontrado com o auxílio de trilhas deixadas pela onça, que teria arrastado a vítima por mais de 50 metros pela mata.
As buscas ficaram ainda mais complicadas quando, a própria onça retornou ao local e tentou esconder novamente os restos mortais. Em um momento tenso, o animal avançou contra os agentes e populares, ferindo um dos homens do grupo de buscas.